Mensagem de Natal de 2020 do Bispo D. Stephen Lee
“Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância.” (João, 10:10)
Caros Irmãos e irmãs em Cristo,
Esta é um ano muito especial, porque todos os países mundiais se preocupam com o impacto de diferente gravidade que a pandemia COVID-19 nos trouxe. Além disso, continuam a se espalhar guerras e lutas entre nações e raças, o uso da religião como disfarce para crear conflitos, descontentamento em diversos sectores da sociedade, o desprezo pela vida com suicídios entre a camada de jovens. Calmamente, chegamos ao Natal cheio de alegria e paz. E um forte contraste. Então esperemos com confiança e voltemos para a manjedoura que vemos em Macau para receber o nosso Salvador, Jesus Cristo: “Verdadeiramente grande é o valor da vida humana, se o Filho de Deus a assumiu e fez dela o lugar onde se realiza a salvação para a humanidade inteira!” (1)
A Sabedoria de Deus é um misterio maravilhoso. Talvez não percebamos porque é que temos que ser ameaçados nas angústias, de modo que duvidamos que a vida é um dom divino e se torna triste e sombria. Porém, mediante a Salvação através da encarnação, paixão, morte e ressurreição de Cristo, o valor da vida restaurou e elevado para um auge nunca antes atingido na espera da graça de vida eterna.
O nascimento do nosso Salvador Jesus Cristo diz-nos que a vida humana é um dom de Deus, e a dignidade da vida humana provém do amor de Deus. Para divulgar e lembrar do valor da vida humana e preservar a sua dignidade, a Comissão Diocesana para a Vida organizará no ano que vem uma série de actividades para cuidar das necessidades das pessoas de várias etapas da vida, nomeadamente:
“Semana da Defesa da Vida” para as pessoas compreenderem os mistérios da criação da vida humana, valorizando-a com dignidade;
“Workshop de Instrução Dignitas Personae” para abordar e reflectir as questões éticas da vida através das notícias recentes;
“3º Curso Básico da Teologia do Corpo” para discutir a reacção do corpo humano aos planos de Deus, assim como a organização de conferências da educação sexual;
Organização de convívios com os irmãos físico-deficientes para compartilhar com eles a dificuldade da vida;
“Workshop para as pessoas que tiveram aborto espontâneo” para atender as suas necessidades espirituais;
Organização de classes de primeiro socorro de saúde mental, para atender aos problemas mentais surgidos com a pandemia;
Colóquios para preparação dos idosos, a fim de compreenderem o devido cuidado e proporcionar aos familiares serviços de boa morte com uma confiança positiva em Deus e tomar os adequados arranjos prévios.
A vida é o dever que Deus nos confia. Desde o princípio até ao fim, a vida é sagrada e inviolável: pois a vida pertence a Deus e está sob a protecção especial d’Ele, sem que ninguém possa destruir, abandonar ou dispor a própria ou de outros. Pelo contrário, devem promove-la activamente, cultivando atitudes e comportamento para servi-la. É precisamente esta perspectiva tão positiva que “se estabelece uma nova cultura da vida humana”. E nós é que devemos assumir esta missão da vida humana que será cumprida por meio de serviços de caridade que nos leva a “cuidar de todas as vidas humanas e a de cada um de nós”. (3)
Quando o Anjo apareceu, disse aos pastores de Belém: “Eis que vos anúncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje nasceu na cidade de David um Salvador que é o Cristo Senhor.” (Lucas, 2:10-11) Participemos mais nas actividades acima referidas para examinar se estamos acompanhar suficientemente a cultura da vida e divulgar esta grande notícia na nossa família, trabalho e círculos sociais.
Convido-vos para suplicar com toda a confiança a Maria, Mãe da Vida na manjedoura. Na luta prevista no Livro do Apocalipse entre a Mulher que ia gerar o filho que estava para nascer e o dragão que queria devorar a vida do Menino, tomamos consciência de que a vida está sempre no centro desta grande luta. No entanto, na relação mútua da Mãe de Jesus e Mãe de todos os homens, a Igreja encontrou a fonte da imensa esperança. Nesta peregrinação difícil histórica, Maria é a “palavra da vida que nos consola”. (4)
Tomamos conhecimento de que em 8 do corrente mês, Festa da Imaculada Conceição, a Sua Santidade Papa Francisco convocou o “Ano de São José”, no sentido de incrementar o nosso amor para com o Santo, encorajando-nos a recorrer ao seu auxílio e imitar as suas virtudes e fervor. Devemos confiar com piedade filial a obra da vida a Maria e José de manjedoura.
+D. Stephen Lee
Bispo de Macau
Notas:
(1) “Evangelium Vitae”, 33.
(2) “Catecismo no Evangelium Vitae”, 2.
(3) “Catecismo no Evangelium Vitae”, 4.
(4) “Evangelium Vitae”, 104