MENSAGEM DA PÁSCOA DE 2024 DO BISPO D. STEPHEN LEE BUN SANG
Senhor ressuscitado, ensina-nos a rezar
Caros irmãos,
Aleluia!
A ressurreição de Cristo torna a nossa fé real e viva (cf. 1 Cor., 15, 14). Sempre que professamos de novo esta fé, participamos na sua morte e ressurreição, através da recepção dos Sacramentos (cf. Rm., 6, 5-8; Jo., 6, 54). Mas nunca é suficiente acreditar e professar esta fé; é necessário estabelecer uma relação com Deus, através da oração.
Em preparação para o Ano Jubilar, o Papa Francisco designou este ano como o “Ano de Oração” e, através do Dicastério para a Evangelização, publicou um guia para encorajar os fiéis a viverem fielmente a sua vida de oração. O Ano de Oração é um convite a aprofundar a nossa relação com Deus e uma oportunidade para reflectir sobre a qualidade da nossa fé.
Na nossa vida quotidiana, podemos enfrentar diferentes situações, boas ou más, mas mesmo nos nossos horários mais ocupados, devemos reservar tempo para a oração. “Rezar é o modo de deixar Deus agir em nós, de compreender o que Ele nos quer comunicar mesmo nas situações mais difíceis, de rezar para ter a força de ir em frente” (Papa Francisco, Ângelus, 9 de Janeiro de 2023).
«Senhor, ensina-nos a orar!» (Lucas 11, 1). Este pedido e promessa dos discípulos reflecte certamente a consciência da sua inadequação e da necessidade de uma orientação prática sobre a forma de rezar. A oração não é apenas um hábito devocional, mas um “sopro de vida” espiritual, onde “respirar” é a necessidade humana mais básica (cf. Papa Francisco, Audiência de Quarta-feira, 9 de Junho de 2021). Cada vez que rezamos é uma oportunidade para uma comunhão mais profunda com Deus, bem como uma oportunidade para ouvir as palavras de Deus para connosco.
A oração é o caminho para entrar em contacto com a nossa verdade mais profunda, onde a própria luz de Deus está presente; e esta luz estender-se-á às nossas vidas, para que possamos viver a Presença de Deus. A oração é como uma bússola que guia (cf. Manual do Ano de Oração, “Ensina-nos a rezar”) e uma âncora que nos impede de nos deixarmos levar pelos ventos e pelas ondas.
A oração regular e com conteúdo alimenta a nossa vida quotidiana e ajuda-nos a viver a presença de Deus em todos os momentos. A oração requer perseverança, pois quando uma alma ama e é persistente nas orações, o coração pode ser transformado e convertido, e assim transformar os outros: a comunidade, a sociedade e até o mundo inteiro.
Em resposta ao Papa Francisco, convido todos os membros da Diocese a promoverem a centralidade da oração individual e em comunidade, a fim de se prepararem para o Ano Jubilar. O primeiro passo é revisitar o ensinamento do Papa Francisco sobre o tema da “Oração” nas suas Audiências de Quarta-feira dos últimos anos, e entrar na escola da oração através da meditação.
A ORAÇÃO NA COMUNIDADE PAROQUIAL – A nível da comunidade paroquial, é importante colocar todos os pormenores do Santo Sacrifício na Missa, porque “participar no sacrifício eucarístico é a fonte e o ápice de toda a vida cristã” (Lumen Gentium, 11); ou organizar diferentes encontros de oração, como a Liturgia das Horas, a Adoração Eucarística, a Reconciliação, etc., permitindo que todos os membros da paróquia possam compreender a essência da oração, bem como participar na vida de oração pública da Igreja.
A ORAÇÃO NA FAMÍLIA – A família é uma escola de oração, e é o primeiro lugar para alimentar a vida de oração das crianças; só através da pastoral familiar pode permitir-lhes ser igrejas domésticas e fermento de evangelização na sociedade. (cf. Amoris Laetitia, 290) O espaço de vida de uma família pode transformar-se numa igreja doméstica, um cenário para a Eucaristia, a presença de Cristo sentado à sua mesa... Aqui vemos uma casa cheia da presença de Deus, da oração comum e de todas as bênçãos (cf. AL, 15).
A ORAÇÃO DOS JOVENS – Os jovens estão muitas vezes confusos e podem encontrar muitos altos e baixos nas suas vidas, é mais importante acompanhá-los e descobrir com eles que o conforto vem das orações. “Os jovens podem encontrar-se uns com os outros, onde podem partilhar a música, os jogos, o desporto, mas também a reflexão e a oração” (Christus Vivit, 218).
RETIROS DE ORAÇÃO – «[Jesus] foi para um lugar deserto e ali rezou» (Mc., 1, 35). O evangelista dá-nos uma imagem de Jesus que aponta para duas dimensões essenciais da oração cristã: 1) o afastamento da rotina quotidiana – necessário para procurar o diálogo pessoal com o Pai; e 2) um coração silencioso – indispensável para escutar a voz de Deus e ouvir o que Ele quer. Nesta perspectiva e no contexto do Ano de Oração, um retiro espiritual pode constituir uma oportunidade ímpar de conversão espiritual e de renovação do coração (cf. Manual do Ano de Oração, “Ensina-nos a rezar”).
CATEQUESE SOBRE A ORAÇÃO – Como etapa fundamental do processo de evangelização, a catequese tem a tarefa de educar para a oração e na oração, desenvolvendo a dimensão contemplativa do cristão. Através da formação catequética, os fiéis podem compreender o significado mais profundo da oração e, assim, viver o espírito de oração.
Neste Ano de Oração, redescubramos a centralidade da oração e cultivemos uma vida de oração e uma alma de oração, que se estenderá à nossa vida futura e nos aproximará de Deus. Confiemos também na nossa Mãe do Céu e imitemo-la para mantermos um coração sincero e humilde para rezar, a fim de nos tornarmos Peregrinos da Esperança em direcção ao Ano Jubilar.
+ Bispo Stephen Lee Bun Sang
Diocese de Macau